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sábado, 24 de dezembro de 2005

Ah e tal, porque é Natal...


Pois é, crianças, hoje é véspera de Natal. Quem me conhece sabe que sou pagã e que ligo ao Yule (Solstício de Inverno) e não ao dia 25, mas aqui ficam uns lindos votos para todos aqueles que vivem este dia com excitação:
  • Que o Pai Natal não vos deixe caca de rena no sapatinho;
  • Que os cozinhados da mamã não vos dê caganeira;
  • Que os vizinhos não se ponham nús na varanda a gritar "Viva o Benfica!" (se o/a vizinho(a) for jeitoso, ponham algodões nos ouvidos, sorriam e dancem também);
  • Que as meias, pijamas e camisolas interiores que receberem dos tios ou padrinhos sejam cor-de-rosa bebé ou côr de vomitado;
  • Finalmente, que os vossos olhos se mantenham sempre despertos e os dedinhos sempre vivaços para responder à letra a todas as coisas altamente inteligentes que eu escrevo aqui só para vocês...

Merry Christmas, carago!

(imagem: http://nasw.org/users/appell/Weblog/santa.jpg)

domingo, 18 de dezembro de 2005

A arte de pentear o cabelo enquanto se fala ao telemóvel



Instruções:
1º - pegue na escova
2º - pegue no telemóvel
3º - se o seu cabelo for de cor clara, procure não confundir ambos os objectos
4º - pegue nos objectos em mãos separadas
5º - procure masterizar a difícil arte de ouvir, pensar e responder ao interlocutor ao mesmo tempo que passa a escova de cima para baixo no cabelo
6º - se estiver a ter dificuldade, vire a cabeça para baixo - o afluxo de sangue pode ajudar
7º - olhe-se ao espelho
8º - se não parecer o Cousin It da Família Addams, dê a si mesmo(a) uma pancadinha no ombro por ter conseguido um resultado razoável

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Bílis

Tendo em conta que já vai algum tempo desde que escrevo neste blog, aqui vos deixo uma pérola, encontrada numa revista no sótão do meu tio-avô.

Ora leiam:


"DESPERTE A BÍLIS DO SEU FÍGADO


Sem Calomelanos - E Saltará da Cama Disposto Para Tudo


Seu fígado deve derramar, diariamente, no estomago, um litro de bilis. Se a bilis não corre livremente, os alimentos não são digeridos e apodrecem. Os gazes incham o estomago. Sobrevem a prisão de ventre. Você sente-se abatido e como que envenenado. Tudo é amargo e a vida é um martyrio.
Uma simples evacuação não tocará a causa. Nada ha como as famosas Pillulas CARTERS para o Figado, para uma acção certa. Fazem correr livremente esse litro de bilis, e você sente-se disposto para tudo. Não causam damno; são suaves e contudo são maravilhosas para fazer a bilis correr livremente. Peça as Pillulas CARTERS para o Figado. Não aceite imitações.
Preço: 3$000."


in Inteligência - Mensário da Opinião Mundial
Ano V, São Paulo, Julho de 1939, N. 55

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Mais uma vez, inspirada pela televisão...

Estava aqui a gastar pestanas a ver televisão e a deambular pela internet, quando oiço uma pergunta no "Elas Sobre Eles" da Sic Mulher:
"Haverá melhor que um homem com sentido de humor?"
Um homem com sentido de humor é um espectáculo. Mas quem é que quer estar com um macambúzio todos os dias?...

O mesmo para as mulheres...
Eu, por exemplo, considero que tenho sentido de humor. Rio-me dos buracos nas minhas meias, rio-me do pó que se acumula na minha casa segundos depois de o ter tirado de uma superfície, até me rio do meu Síndrome Pré-Menstrual!
Ora vejam lá se não sou uma menina tão querida... ahahah!

Agora a sério: o sentido de humor ajuda-nos a passar um dia mais complicado e ilumina o dia de quem está perto de nós. Isso não é óptimo? É! 'Bora rir e fazer rir! :)

sábado, 19 de novembro de 2005

A religião do SUDOKU

Ok, rendo-me. Admito que o jogo é viciante. Ando a jogá-lo através da internet e até já comprei um livrinho de bolso para ter comigo na mala (que fica sempre melhor que dizer que o levo para a casa-de-banho)...

Vá, toca a mexer com as célulazinhas cinzentas e jogar!

http://www.websudoku.com
Um conselho: se quiserem acrescentar um grau de dificuldade às vossas aventuras "sudokuanas", experimentem jogar o jogo na casa-de-banho com um gato gordo e chato ao colo (eu nego que isso se passe comigo, aviso já).

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Eles falam, falam...


Estou neste momento a ver o programa "Eles Sobre Elas" na Sic Mulher (http://mulher.sapo.pt), onde homens (actores, apresentadores e etc.) que discutem assuntos relativos às mulheres.
É a primeira vez que vejo - e não prestei atenção até quase ao fim do programa - , mas estou a achar bastante interessante, o tema é "O Orgasmo Feminino" e as fantasias dos homens.
Ontem, falando destas coisas, na TVI (http://www.tvi.iol.pt) deu o "A B Sexo", o polémico programa que tanto tem dado que falar. Eu cá acho que, se contribuir para deitar alguma luz nas pouco iluminadas mentes portugueses relativamente a coisas da sexualidade, tem todo o meu apoio. Aprendi lá, há uns tempos, que se pode fazer sexo oral a uma mulher com papel aderente para evitar o contágio de doenças sexualmente transmissíveis (ora aqui está um assunto giro para referir em alturas próprias: durante o almoço de Natal com a família, por exemplo).
Ontem o tema prendia-se com a seguinte pergunta: será necessário haver penetração para haver orgasmo? (Pergunta, a meu ver, um pouco parva, se pensarmos em todas as outras formas de coito que existem, mas pronto) E o povo matutou na pergunta.
UM homem admitiu ter perdido a erecção durante o acto sexual (os meus parabéns para ele, é corajoso!), os restantes negaram categoricamente. É triste que isto seja tão tabu, mas pronto...
E, ontem também, no "Dr. Phill" da Sic Mulher, uma rapariga disse que, apesar de não gostar do namorado que a traía e apesar de não gostar de sexo, tinha relações com ele para poder fazer exercício físico (ela sofria de anorexia). Nem comento.
Agora a minha pergunta é a seguinte: com tanto programa, porque raio é que sexo continua a ser um assunto quase-proibido? Porque razão ainda temos um risinho nervoso quando discutimos estes assuntos? A rirmos, que seja porque tem piada e não porque nos põe nervosos...
E, já agora, porque raio há tantas pessoas que usam a sexualidade como arma (como a rapariga que o usava para emagracer), como piada fácil (como as anedotas idiotas que "Os Malucos do Riso" da SIC por vezes tanto gostam), como tema ligeiramente idiota ("o orgasmo pode acontecer sem coito? Oh deuses, que dúvida existencial!")?
Há programas muito bons, como o "Estes Difíceis Amores" da RTP (http://www.rtp.pt), mas não seria este um mundo mais cor-de-rosa se o povo largasse mais o televisor e se focasse mais na sua felicidade sexual?
Alguém devia fazer uma t-shirt com estas palavras: "Eles falam. Eu faço. E gosto!" Isto sim, era uma manifestação de orgulho sexual! E era uma chapada nas pessoas que ficam todas nervosinhas com um acto que, se não tivesse sido praticado pelos paizinhos, não estariam neste mundo a pensar em fazê-lo também. Pois.

terça-feira, 15 de novembro de 2005

A minha fábrica


O meu pai, compadecido com a minha falta de emprego (e decerto desejoso que a filha comece a obter algum lucro), resolveu comprar-me uma fábrica de tintas. O negócio ira florescer em breve e a nossa especialidade será a tinha às bolinhas.
Gostam? :)
Agora a sério: o meu pai gosta de modelismo ligado a caminhos-de-ferro e colocou esta fábrica com o meu nome. Claro que fiquei babada, não é? Ehehe.
Só vou exigir ar-condicionado, porque isto de se trabalhar com tintas e não ter fresquinho pode pôr o Sindicato dos Trabalhadores Das Tintas às Bolas à minha perna...

terça-feira, 1 de novembro de 2005

Martelo Pneumático, Camionistas e Delírios

Fui ver Moonspell (http://www.moonspell.com) ontem à noite ao Teatro Sá da Bandeira no Porto. Estes senhores têm genica e sabem dar a graxa necessária ao público para o aquecer, a malta respondeu bem e a coisa passou, a meu ver, demasiado rápido.
Comecei logo por me arrepender de não ter levado roupa de Verão, porque as pessoas eram tantas que destilei como uma fábrica de Whisky. E, por falar em whisky, não gosto do dito, mas tenho um fraquinho pelo seu amigo Vodka, o que é uma chatice, em especial se o meu estômago tem andado um bocado sacana comigo. Contas feitas, o final da noite pautou-se pela sempre popular canção do "ai-que-estou-enjoada-ai-que-estúpida-que-eu-fui-porque-é-que-a-minha-mãezinha-não-me-fez-com-mais-juízo?"
Tive boa companhia para ver a música. Sei que uma pessoa vai a um concerto ouvir os artistas, mas nestas coisas sou um bocado como os lobos, gosto de ir em alcateia e sentir-me perto das pessoas que aprecio. E um obrigado especial vai para a Diana e o Sérgio que, coitados, em diferentes alturas do dia de ontem, aturaram a minha pessoa.
Os Daemonia também actuaram, mas acho que o público para aquela banda não era o público de Moonspell. Tive uma certa pena deles, porque se esforçaram claramente por entusiasmar a malta, mas a coisa arrefeceu sem posibilidades de cura e desapareceram muitas pessoas. Ficou a parecer um teatro-fantasma, com meia dúzia de gatos metaleiros pingados a tentar ser solidários ou a tentar fazer render o dinheiro pago para ver DUAS bandas (confesso que estava no último grupo)...
Como estava de boleia, fui embora quando o resto do povo foi, antes de esta banda acabar de actuar. O destino? Um local fascinante, decerto um ex-libris de camionistas e broncos em geral, a cheirar a fritos e de paredes amareladas, onde os meus amigos comeram pregos no pão e batatas, uma dieta óptima de se ver para quem estava enjoada do vodka e da viagem de carro. Que maravilha!
Hoje tenho o pescoço ligeiramente (o meu orgulho e mania de que tenho 15 anos impede-me de dizer "bastante") dorido com tanto headbang, e por teimosia não tomo uma aspirina. Eu devo ser é masoquista.
E pronto, sei que este artigo está um bocado insípido, mas condiz com este dia chuvoso e melancólico que se vê da janela do meu quarto. Deixo-vos com uma citação que achei bonita, tirada do site dos Moonspell e escrita pelo Fernando Ribeiro:
"After one day, comes the other. What does it mean, why does it happen and if it is a good thing or a curse I do not know what to make of it, really. The same principle is applied to nights. Also there is one other element to add to it which is the small details of difference camouflaged on the big, absolute equity of days and nights, that in the end amounts to a chaotic progress, where and when you can not hold to a thing, to difference or sameness, and really when you come out of it you do not which line you are in, why are you doing that and not this and how predictably unpredictable your life is, and so is your death"

domingo, 30 de outubro de 2005

I'm beautiful, it's true...

Estava eu, hoje de manhã (ou de tarde, se considerarmos a mudança da hora) a ver televisão ao pequeno-almoço (ou almoço, dependendo outra vez do raio da mudança de hora), um olho meio aberto e outro quase fechado, quando me deparei no VH1 (http://www.vh1.com) com um videoclip cujo conteúdo me projectou para o mundo dos mais acordados e me fez pensar tanto, tanto, que acho que me cresceu um neurónio novo.
Naturalmente, este meu devaneio serve para vos informar que desejo partilhar os pensamentos iluminados que tive em relação ao videoclip, por isso leiam, meninos e meninas...
Eu sei que vou ser considerada uma gigantesca ignorante por muitos (e eu fico contente, porque ser considerada gigantesca, em qualquer contexto, é para mim um... gigantesco elogio; quem me conhece pessoalmente saberá porquê), mas a verdade é que desconhecia um jovem chamado James Blunt. Já tinha ouvido a música dele na rádio, mas tinha-me ficado apenas pela fácil melodia e repetitivo refrão, que insiste em afirmar que "you're beautiful, it's true!" como se de um mantra se tratasse. Em suma, conhecia uma amostra do rapaz sem o conhecer de todo. Esta manhã - ou tarde - tudo mudou!
Lá me surgiu uma figura angelical pela cozinha adentro, projectada no mágico ecrã, um homem de olhos azul-celeste e boca rosa, cabelo à beto (até não lhe ficava mal, coitado), que insistia em entoar o seu cântico sob uma torrencial chuva. Aposto que haverá por aí muita menina disposta a dar-te guarida, rapaz, por isso não desesperes, a salvação está ao virar da esquina!
O que me chamou a atenção não foi o facto de o mocinho parecer um pinto encharcado à procura de uma asa amiga onde se abrigar, mas o facto de se ir despindo à medida que cantava. Nesta altura da minha vida, ver um homem minimamente atraente a despir-se alegra sempre um pouco o meu dia - mais não seja, para me rir um bocado -, por isso não vou dizer que reprovei o gesto e desviei o olhar com pudor, antes pelo contrário: fiz como faz o meu gato Igas quando lhe prometo comida - arregalei bem os olhos e observei com cuidado! É que ouvir uma música na rádio e apreciá-la com suporte visual são coisas bem diferentes, ah pois...
Bem, ele continuava a insistir no seu mantra do "you're beautiful" e sublinhava que "it's true", não fosse eu duvidar da sinceridade das suas palavras. Obrigada, rapaz, fico muito lisonjeada. Comecei a ouvir o resto da letra, e apercebi-me que ele dizia que tinha-me visto num local público (vá, este é o MEU blog, deixem-me ao menos pensar que o strip tinha um pouco a ver comigo, ok?!) e ficado perdidamente apaixonado, mas que infelizmente sabia que nunca mais nos voltaríamos a ver e isso perturbava-o claramente. Devia ser por isso que ele se despia, coitadinho, evidentemente, era uma forma de protesto.
Sendo um pouco menos egocêntrica e falando na história que este cantor relata com olhos de Basset Hound a uma hipotética rapariga, podemos afirmar uma série de coisas a respeito dele, que podem ser pouco simpáticas. A ver:
- Ele afirma ter visto a mulher da vida dele, mas não teve a decência de lhe pedir o telefone (nem sequer mascou uma pastilha e soprou contra o vidro, usando o gelo formado para escrevinhar o seu próprio telefone, o tanso);
- A frustração leva-o a meter-se debaixo de chuva e cantar (aqui em Braga serias um homem feliz, garanto-te! Água não te faltaria e o Centro de Saúde Mental também haveria de ter muito prazer em te receber);
- Ao mesmo tempo que relata a sua triste história, vai-se despindo (ok, admito que é uma característica socialmente passível de reprovação, mas da minha parte não leva crítica alguma - go, James!, podes fazer isso em frente à minha casa);
- Depois de tirada a roupa que tapava o tronco, tira as coisas dos bolsos, os sapatos e alinha-os de forma deveras obsessivo-compulsiva (aposto que todas as mulheres repararam nisto, aposto até que terá sido a primeiríssima coisa que viram com atenção no clip todo);
- Por fim, afirmando que nunca vai estar com a rapariga dos seus sonhos, atira-se do pontão e vai parar ao mar (diz não ao suicídio, James, não deseperes)!
Digam lá se ele não precisa de uma psicóloga... Dado que eu sou uma mulher muito ocupada, não lhe vou enviar o meu cartão, mas sugiro que alguém o faça, e rapidamente, antes que ele se afogue naquele mar todo, ainda por cima meio vestido. Coitado.

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Rato? Ratazana!




Pois é, enganem-se aqueles que julgavam passadas as peripécias em busca do rato de portátil (v. artigos que tenham "rato" no nome)... Como a coisa se passou comigo, era mais que óbvio que este mundo cruel tinha de deitar nos meu ombros mais um episódio para vos relatar.
Então aqui vai: anteontem uma amiga - Cláudia - veio-me visitar com o propósito de me acolher temporariamente um gato que encontrei na rua e que precisa de uma casinha (sim, estou a pedinchar casa para ele, tomem nota!) Como já vem sendo hábito, a coitada vem da Maia de suburbano e, cheia de boa vontade, compra logo o bilhete de ida e volta; este último serve-lhe de recordação, porque já vem sendo hábito eu levá-la de carro de novo à Maia.
Como a minha mãe está cá a passar uns dias comigo, resolvi que era boa ideia levá-la, inocentemente, a dar uma voltinha às terras portuenses, para ela desanuviar, coitada. Fiz isto de forma totalmente altruísta e preocupada com o bem-estar dela. Juro.
Ok, a minha ideia era metê-la uma vez mais na minha saga de troca de rato defeituoso, pronto.
Lá nos metemos, ao fim do almoço, a caminho do Porto. Eu tinha revirado minutos antes a minha (apenas um pouquinho de nada, mal se nota) desarrumada secretária à procura do talão certo da garantia do rato, para ter que me render à evidência de que o talão há muito que se havia finado e que, tendo em conta tanta tinta já corrida em volta deste embruxado pedaço de tecnologia, mais valia comprar um novo. Era o que eu ia fazer... ou pensava que ia!
Claro que nos devemos debruçar, como se de uma varanda se tratasse, sobre a minha inteligente ideia de me meter no trânsito do Porto em dia de futebol. E mais nos deveríamos debruçar sobre a minha estupenda ideia de me imiscuir no espaço de um centro comercial a um Domingo, mas aí acho que caíamos todos uns quantos andares desta imaginária varanda abaixo, por isso fiquemo-nos apenas pela ideia.
Após um trânsito infernal, lá chegámos vivas ao Norte Shopping. Despedi-me da Cláudia e eu e a minha mãe fomos prestar reverência quase-religiosa ao monumento do consumismo.
E agora, meninos e meninas, perguntam vocês: em que é que este episódio se assemelha aos outros que já relatei do rato? Passo a explicar, com o relato do que sucedeu a seguir.
Claro que o Norte Shopping tem uma FNAC. Claro que eu não pude deixar de lá ir espreitar, não fossem os deuses castigar-me. O que sucede? 27€ num cd... Não esqueçamos o combustível e os 2,70€ em portagens. Começámos a somar, meninos e meninas.
Lá andei pelas lojas de informática à procura de um rato para substituir o meu finado. Mas não há amor como o primeiro, e não encontrei um que me enchesse os olhos: um era grande demais, outro pequeno, outro vermelho, outro não tinha a coisinha gira que encolhe (um fio, crianças, um fio!, nada de pensamentos pecaminosos), outro era não-sei-quê... Enfim.
Voltei de mãos a abanar, mas contente por ter andado a gastar a sola das minhas preciosas botas naquele espaço nada povoado e nada confuso.
Gastámos 10€ para jantar, depois de a minha mãe gastar 40€ numa prenda para uma amiga (amigas como a minha mãe queria eu!). Passado um bocado, decidimos que a nossa estada já se alongava há algum tempo e fomos embora. Aqui é que a coisa começa a entortar ainda mais.
Para entrar no estacionamento superior, tive que me meter numa subida em caracol digna de um filme de Hitchcock, íngreme e estreita. Para descer, a mesma coisa. Era eu a suar e a vociferar contra o arquitecto que projectara aquela maravilha e a minha mãe a bater palmas porque aquilo era "giro". Imenso, sei lá.
Como queria poupar dinheiro em portagens, quis ir pela IC1. Lá me meti a caminho, formava-se um nevoeiro espesso (Alfred, seu desgraçado, isto não é um dos teus filmes!)
A minha primeira alegria de regresso foi logo verificar que havia obras e que a estrada estava ligeiramente diferente. A minha segunda foi verificar que essas obras, em vez de beneficiar o Zé Povinho, vão chulá-lo: é para cobrar a passagem pelo IC... Sócrates, vai coser meias para casa!
A minha terceira alegria foi verificar que, por causa do nevoeiro e das obras, me meti na estrada errada e fui parar a um desvio que não tinha nadinha a ver com Braga.
-E agora?, - perguntei à minha mãe.
-Agora? Eu é que sei?
Obrigada, mãe.
Ok, vamos dar a volta ali na rotunda e voltamos para a estrada de onde viemos. Claro como água.
Espesso como nevoeiro! Fui parar ao IC, mas na direcção contrária, em direcção ao Porto! Raios. A minha mãe só se ria. Se lhe apertasse o pescoço, naquele nevoeiro, alguém notaria?...
Bem, eu não queria ir para o Porto. Ok, um desvio para Viana. 'Bora por aí.
Chego à estrada e começo a ver várias saídas possíveis, mas receava estar a desviar-me do caminho do Bem. Um dos caminhos dizia Ofir, podia ser esse, mas eu preferi (estúpida!) ir por um lado que me deixasse na direcção certa do IC, e dei meia dúzia de voltas e fiz uma inversão de marcha e lá estava eu na direcção certa... de novo na mesmíssima estrada que dizia Viana do Castelo, de onde tinha saído havia minutos. Grrrr.
Ok, para Viana.
Chegámos quase a Viana, lá apareceu a rotunda que eu conheço e lá nos metemos para Braga, fazendo os quilómetros que faríamos se aquele ponto fosse o Norte Shopping... Fantástico, nem cabia em mim de contente. É nestas alturas que lamento não ter entrado nas aulas de sapateado, senão era ali mesmo que demonstrava a minha alegria.
Feitas as contas que já se tornam costumeiras nestas coisas da busca do rato:
- combustível: 10€
- portagem: 2,70€
- quilómetros: 150
- comida: 10€
- prenda: 40€
- tempo: 1 hora (pelo menos) de estrada a mais do que devia
E... rato? NÃO! Não comprei rato nenhum...
Sabem que mais? Qual rato, qual quê! Isto já é mas é uma grande ratazana!

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

O Meu Gato É Um Camelo


O meu gato Igas é um camelo. Com isso não quero dizer que, durante a noite, o felídeo tenha sofrido uma transmutação misteriosa e passado a ter duas bossas, mau hálito (embora a boca do Igas não cheire propriamente a água de rosas) e um pêlo castanho côr de caca. Não, ele continua o mesmo gato de sempre, preto e com as bossas na barriga (arre, que o bicho está gordo, começo a desconfiar que deve ser aparentado dos texugos) e focinho de fêmea.
Eu digo que o meu gato é um camelo pelas atitudes xungas que tem com o Squish, o meu outro gato. Ora vejamos:
- Se eu dou de comer o mesmo aos dois, em gamelas separadas, o Igas não descansa enquanto não tirar o Squish da gamela dele e enfia o focinho ali (a galinha da vizinha...);
- Se o apanho a querer roubar comida ao Squish, faz um ar impávido e sereno, como quem diz "Quem, eeeu?"
- Se ele percebe que não me está a enganar, dá-me a barriga para ver se me convence;
- Quando faço festas ao Squish o Igas mete-se logo, com aqueles ares de carência imensa, como quem diz "Coitadinho de mim, que ninguém me liga!"
- Quando me dirijo para o lugar onde eles têm a comida, onde quer que o Sr. Igas esteja, lá vem ele a trote, banhas a abanar, esfomeado... mesmo que tenha acabado de comer há dois minutos. Claro que se o Squish lá estiver antes, leva a corrida.
- Enquanto faz estas sacanices todas, o Igas tem sempre aquele ar de gato inocente...
Ora digam lá se não é coisa de camelo!

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

A Saga do Rato Continua...

Eu disse que haveria de voltar à loja para devolver o famigerado rato de portátil (ver "O Rato do Alemão"). Eu disse que esta aventura haveria de ter um final feliz. Eu jurei que o destino não haveria de se rir de mim.
Pois bem, meti mãos à obra! Obriguei os meus dois neurónios a lembrarem-se do rato e respectivo talão de venda, pus o desgraçado na mala, verifiquei duas vezes, depois verifiquei outra mais, saí de casa, fui ao carro, meti gasóleo, e lá me fiz à estrada. No meio deste processo, claro que arrastei a minha mãe comigo, que só dizia "nem acredito que finalmente te lembraste de trazer o raio do rato..." Confesso que parte de mim ainda olhava de relance para a mala e perguntava se as verificações e re-verificações estavam correctas...
Lá chegámos ao Algarve Shopping. Antes que alguma coisa acontecesse (como um raio cair precisamente na minha mala e fulminar-me o talão de venda, apesar de não estar a chover), fui logo à loja. Fiquei na fila, pacientemente esperando a minha vez, rato numa mão, talão noutra.
-Boa tarde, queria fazer uma troca.
-De que se trata?
-Comprei um rato aqui e estragou-se, quero trocar.
-Tem o talão de compra?
-Evidentemente.
(Lá mostrei o talão, orgulhosa de mim mesma. A fulana olha, como quem vê um bocado de lepra.)
-Ah, desculpe, mas a garantia caducou.
(Eu, armada em jurista de casa-de-banho, achei logo que me queriam enrolar e respondi como uma flecha.)
-As garantias de material informático são de DOIS anos e eu comprei o rato há UM, por isso tenho direito a uma troca!
(Sim, estava a sentir-me mesmo inteligente...)
-Segundo este talão, a senhora comprou o rato há mais de dois anos, em maio de 2003.
(Gelei. Quê?! Um erro informático na porcaria do talão?! Era demais. Se calhar a funcionária é míope. Se calhar o tal raio atingiu-me mesmo e é isto que é o Inferno: uma loja de informática cheia de broncos...)
-Quê? Nada disso, eu comprei o rato o ano passado!
(Vá lá que a mulher, apesar das evidências - o talão dizia, efectivamente, 2003 - não me mandou ir apanhar caracóis. Olhou melhor para o talão. Olhou de novo. Olhou para mim. Ficámos as duas feitas parvas a olhar para o talão, uma para a outra.)
-Ãhn... Mas aqui diz 2003... Se calhar enganou-se no ano? Se calhar... erro informático?
(E eu, com o Tico e o Teco a boiar em tanta dúvida, comecei a pensar se, em vez do Inferno, me tinha metido na Twilight Zone. Entretanto, a empregada faz um ar bíblico de iluminação e exclama algo altamente... iluminado.)
-ÃHN! Já sei! A senhora...
...trouxe o talão de rato errado.
DOR!!!
E querem saber da melhor? O talão do rato certo está em Braga, e eu em Faro... dupla dor!!!
E pronto, mais 100km, 5€ de combustível, e 23€ na FNAC.
Há dias em que o melhor que eu faria era enfiar a cabeça na areia e fazer o pino... e asfixiar em tanta estupidez! DOR!!!

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Finalmente, meninos e meninas!!!


Devem estar a estranhar este meu silêncio há tanto tempo. E, como quem me conhece poderá confirmar, eu não sou rapariga que consiga estar calada durante muito tempo...
Mas as razões eram as melhores! Andei a portar-me (mais ou menos) bem para poder apresentar os meus relatórios e me licenciar. Ah pois é!
Não vos quero maçar com pormenores insignificantes, mas devo dizer que fecundar os meus neurónios e a minha paciência de forma a conseguir parir páginas e páginas de material super inteligente e bonito de se ler (em especial quando o tema é algo tão alegre como a violência doméstica ou a depressão) não é tarefa fácil. No entanto, lá devo ter conseguido causar alguma impressão de jeito, porque os professores deram-me 16 por cada relatório, o que me fez crescer alguns centímetros de altura - agora já devo chegar ao metro e sessenta de altura... nah!
Em suma, estou licenciada. Lancem os foguetes! :)
Assim, e tendo em conta o meu incrível sucesso, resolvi apresentar aqui algumas dicas úteis para quem precise de passar por situações de escrita de relatórios. Como sou generosa, nem vos vou cobrar nada (embora, de acordo com as leis do Karma todos aqueles que lerem isto fiquem obrigados a me ofertar algo, como um carro, por exemplo).
Aqui vai:
Regras super importantes na escrita de relatórios
1. Ultrapassem sempre o limite de páginas ordenados pelos professores. Muito.
Quando eles dizem que não se pode passar das "x" páginas, que chumbam todos aqueles que o fizerem, bla bla, na verdade eles estão-vos a pedir o contrário: os professores admiram quem os desafia um pouco, por isso ultrapassem sempre esse limite. Se possível até, escrevam o dobro. Eles agradecem.
2. Utilizem palavras como "escatológico," "revérebro" ou "cognoscente" sempre que puderem.
Estas palavras mostram que quem escreve tem uma mente misteriosa e um pouco inacessível, tipo os pintores que cortam a orelha e as enviam por correio (ah, se houvesse e-mail na altura!).
O melhor mesmo era conseguir juntar estas palavras numa só frase, do tipo: "Eu estou cognoscente que o revérebro do meu fruto é escatológico."
Querem nota 20? Juntem a palavra "escatológico" ao nome dos professores nos agradecimentos... É o cúmulo da finura. A sério.
3. Façam bonecos nos rebordos das folhas.
Isto só demonstra, uma vez mais, que vocês são filhos da arte e que a criatividade é o vosso alimento. Por isso, ilustrem os vossos trabalhos com bonecos gráficos em cada recantozinho de papel alvo. Podem-se inspirar em livros como o Kama Sutra ou Justine do Marquês de Sade. Ponham legendas, não para se fazerem entender melhor, mas para acrescentar alguma obscuridade aos vossos manifestos: por exemplo, se ilustrarem o Kama Sutra, escrevam algo como "lembro-me tão bem desta!" e ponham o nome de alguém sexy ao lado só para dar charme.
4. Coloquem perguntas filosóficas a meio das vossas observações. Em especial, se não souberem justificar bem uma dada acção.
Esta dica é particularmente útil nos relatórios onde dados matemáticos têm de ser apresentados. Sendo fiéis à máxima de dar um bom desafio a um professor, substituam os números por nomes e, sempre que tiverem espaço, lancem as pertinentes questões "Será correcto, aos olhos da minha religião, fazer este tipo de observação? Que sentido tem tudo isto? Que sentido tem a vida?" - Qualquer professor perceberá que quem sente esta angústia existencialista só pode ser um génio e a nota máxima está assegurada.
Quando chegaram a um impasse e não sabem explicar algo que escreveram, não se remetam ao silêncio. Na verdade, gritem! Se puderem fazê-lo na presença de quem vos avalia, óptimo; caso não possam, substituam isso por mais angst filosófico e digam que fizeram isto e aquilo "porque aquela voz que fala comigo aos dias santos me ordenou." Quanto mais vozes disserem que têm, mais bónus recebem, claro, porque a nota tem de ser dividida entre essa gente toda aí dentro de vocês.
Claro que estas dicas só servem quando o relatório não é de filosofia. Neste caso, devem escrever fórmulas matemáticas para se justificarem. Falem de Einstein, que costuma sempre resultar em alguma coisa.
5. Acrescentem receitas culinárias às vossas conclusões e um provérbio.
Façam algo como isto: "Tendo em conta tudo o que foi acima referido, resta-nos afirmar que, à luz da temática abordada, o melhor caminho que propomos é usar 2 ovos, farinha a olho, uma chávena de leite, bater tudo e deitar numa frigideira previamente untada com..."
Finalizem com uma bela frase que abranja algo de sabedoria popular, algo sempre em voga nas Universidades do nosso país: "Posto isto, quem anda à chuva molha-se e quem tem telhados de vidro não deveria atirar pedras." Reparem que eu usei DOIS provérbios numa só frase. Isto demonstra que tenho um intelecto claramente superior, mas percebo que nem toda a gente consiga alcançar este nível.
6. Por fim... enviem tudo fora de prazo e com um telegrama cantado.
Os prazos de entrega são para os fracos, para aqueles que seguem a manada! Nós, os destemidos e que têm sempre nota máxima, não nos deixamos intimidar por estes pequenos pormenores! Entreguem tudo o mais tarde possível, quanto mais tarde, mais os professores vos admirarão e se lembrarão de vocês. Aí tipo um mês mais tarde estará na média.
A parte do telegrama cantado é mesmo para dar charme.
Se se sentirem com pouca imaginação, podem sempre escolher como tema uma canção dos cantores favoritos dos nossos ex-libris académicos, como o Toni Carreira ou a Ágata. Podem escolher também Irmãos Catita, que têm sempre letras ao nível de tão solene ocasião.
Se se sentirem imaginativos, criem a vossa própria música! Usem os nomes dos vossos professores, familiares e animais de estimação e sejam criativos. Pensem naqueles momentos em que chumbaram às mãos deles e inspirem-se. Se conseguirem uma letra assim ao som do Hino de Portugal, têm o trabalho garantido.
Se tiverem dinheiro, contratem um homem para ir cantar o telegrama directamente ao gabinete do professor, escolham a altura em que saibam que ele está lá (tipo durante uma reunião) e força aí! Se puderem meter as mãos aos bolsos, contratem aqueles cantores nus, que são sempre o cúmulo do bom gosto (e se estiverem dispostos a ir mais além, peçam ao artista para cortar a orelha enquanto canta, para máximo efeito visual. Pagarão um extra pela cirurgia reconstrutiva, mas pensem nos momentos fecundos que estão a ofertar aos professores).
E voilá! Espero ter sido útil. Caso experimentem estes conselhos, creio que aqui em Portugal os melhores hospitais psiquiátricos possuem internet, por isso dêm-me feedback acerca da vossa nota quando estiverem a repousar lá. E mandem um mail à Casa Branca a dizer que pretendem mandar uma bomba ao edifício, eles adoram uma boa piada (deixem a vossa morada e nº de telefone, claro, para eles vos felicitarem).
Antes que ordenem o meu abate, aqui vai uma nota de rodapé, coisa chique que os afamados escritores (e a TV Shop) gostam sempre de acrescentar às suas obras: a autora não se responsabiliza por quaisquer danos causados no processo de entrega de relatórios; a autora nega qualquer envolvimento com forças subversivas e criativas dos Marajás da Pérsia; a autora gosta muito de professores e não pretende tê-los à coca a mandar-lhe ovos (podem, no entanto, deixá-los à porta, que a autora recolhê-los-á para fazer omeletes); a brincadeira com a Casa Branca pretende fomentar o diálogo entre Portugal e os Estados Unidos da América, mas convém que quem seguir o conselho da autora afirme que esta ideia partiu dos extra-terrestres que os visitaram na noite de Lua Cheia (eu não tive nada a ver com isto tudo; aliás, eu não existo; o que significa tudo isto? Será que a minha religião me permite estar aqui, sequer?!)

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Cisne... sem lago


Aqui vai o cisne que comecei ontem à noite e acabei hoje à hora do almoço. Que acham? :) Aceito encomendas e, para quem me prometer alguma coisa gulosa, até dou lições, eheheh...
Desculpem lá a má qualidade da foto, mas não consegui focar melhor que isto. É um cisne nublado, pronto...
Esta técnica é usada pelos filipinos e eu achei muito engraçada, foi a mulher do meu pai que me ensinou a fazer. Ela diz que até dá para fazer cestas, e eu estou super curiosa! Qualquer dia planto-me lá em casa para aprender a fazer mais uma coisa nova e depois conto... De qualquer forma, thank you, Lorena!

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

O Rato do Alemão


Aqui há um par de semanas, o botão esquerdo do rato do meu portátil deu o seu último suspiro e finou-se. Melhor dizendo, bloqueou-se, já que era impossível clicar, dado estar preso. Eu, no meu espírito de boa portuguesa, resolvi "desenrascar" o meu problema passando as definições do dito para utilização da mão esquerda, assim o botão mais usado passaria a ser o direito...
Pois bem, a coisa funcionou, mas foi sol de pouca dura, pois antes de eu poder dizer "Aha! Sou uma rapariga mesmo idiota" (leia-se "cheia de ideias") em plenos pulmões, comecei a ter conflitos com os botões do próprio portátil, pelo que tive de abandonar a minha manigância e passar a usar o touchpad e os botõezinhos do portátil, que é coisa que eu, confesso, detesto.
O meu rato é muito giro, é assim pequenino e maneirinho, com um fio que dá para esticar e encolher a gosto. Enfim, dentro do material informático ao alcance do meu bolso, posso dizer que é algo que me fazia inchar de orgulho por ter um ar tão catita. Pela módica quantia de €20, era meu.
Como eu tinha o recibo, dirigi-me à Worten para trocar o referido objecto, mas não àquela onde o tinha comprado. Esperei uma infinidade de tempo para ser atendida e, quando já estava a ponderar usar um isqueiro para accionar o detector de incêndios e obter alguma atenção, eis que vem o ÚNICO funcionário da loja ter comigo.
- Posso ajudar?
- Sim, vinha trocar um rato que comprei.
- Mas tem algum problema?
- Evidentemente, senão não vinha trocá-lo...
- Sei lá, podia ter sido uma oferta, ou...
- (interrompendo) ok, seja, mas é por defeito.
- Tem recibo?
- Tenho.
Entreguei o recibo, mostrei o rato. Entretanto, fui à secção dos ratos e constatei que não havia outro igual ao meu, mas pensei que eles me devolveriam o dinheiro (ahahaha!) ou mandariam vir outro igual, mas... claro que não! O funcionário explicou-me que tinha que o devolver à loja onde o tinha comprado e, no caso desta marca em questão (TARGUS), era necessário eles entregarem o rato ao fornecedor, para depois eles decidirem se mo trocavam por um novo ou reparavam o velho... O tempo estimado desta coisa toda? Um mês...
Claro que a minha cara ficou com um saudável tom de azul e eu retorqui que preferia ir a uma megastore ver o que me diziam. Meu dito, meu feito, e levei o rato de novo para casa.
Entretanto, fui forçada a usar o portátil sem rato, o que me deu imensas alegrias... not!
Quando cheguei ao Algarve, combinei com a minha mãe irmos ao AlgarveShopping e trocar lá o raio do rato, que já me causava urticárias. Um belo dia, fizémo-nos à estrada e, contentes da vida, lá chegámos ao nosso destino, 50km depois.
Quem vai ao AlgarveShopping não pode ficar sem ir à FNAC, e foi o que fizemos. Claro está, comprei coisas. No total, cerca de €25 de coisas... Quando me preparava para ir à Worten, pergunta sacramental da minha mãe:
- Trouxeste o rato, certo?
Ia-me dando um treco. Errado! Tinha-me esquecido dele! Ai, mais uma daquelas ocasiões em que temos vontade de meter a cabeça na areia...
Bem, sem rato nada feito. É da maneira que voltamos cá, exclamei eu. 100km feitos por causa de um rato e não tinha tido a decência de me recordar de o trazer.
Eu tenho um grande amigo que é o principal culpado disto tudo, que é alemão. Vocês devem conhecê-lo, dá pelo nome de Alzheimer e pelos vistos gosta de me importunar nas alturas menos próprias...
Da segunda vez, lá voltámos à Guia, rumo à loja. Desta vez nem foi preciso chegar lá, estava na Via Infante de Sagres quando me deu um calafrio.
Isso mesmo, voltei a esquecer-me do rato! Maldito alemão!
Claro que fui à FNAC, comprei €20 de coisas e, para ajudar, ainda gastei €5 a jantar.
Nesta altura, estou a torcer para não me esquecer de o levar da próxima vez, e estou sinceramente a considerar colar o rato com supercola 3 à testa (se bem que isso fosse dificultar a entrega do dito na loja, mas pronto, pormenores)...
Consideremos que a minha demanda fica sem incidentes à terceira tentativa e que o alemão não me prega das suas: farei 300km no total e terei gasto €25+€25+€15 (este último de combustível) para reaver uma porcaria de um rato nanico!
O meu touchpad parece-me cada vez mais sedutor...

terça-feira, 20 de setembro de 2005

Gatos... metaleiros



Este blog chama-se, como os mais atentos repararão, "O Nicho do Gato Metaleiro". Pois bem, a verdade é que ainda não coloquei nada aqui que fale de gatos, como bem comentou a Pipa, que tirou os três ao blog (o SPAM não conta, pois claro - ver "comentários" ao primeiro texto).
Claro que me enchi de vergonha. Não morasse eu num apartamento, cavava um buraco no chão e enfiava lá a cabeça. A sério. Assim, para compensar a minha querida amiga, vou hoje falar das minhas crianças peludas. Mais concretamente, do que elas se encontram, neste preciso momento, a fazer. Isto, claro, devidamente ilustrado com fotos, senão não tinha piada nenhuma, perdia-se o fio à meada e o stress da incerteza tomava conta de nós.
Então, perguntam vocês, o que andam a tramar os meus gatos? Mistério... Suspense... Antecipação...
Eles têm uma vida ocupadíssima. A sério. Atentem na pose angular e tensa do Squish, solidariamente deitado ao pé de um romance de Dean Koontz, que eu ando morta para ler mas não posso por excesso de trabalho (mas que tenho ao pé só para efeitos de tortura), e do meu portátil, decorado com a metafórica cereja em cima do "bolo" (vá, pelo menos é vermelho!): um livro de terapia cognitiva da depressão, aquele tipo de literatura que nos apetece ler de fio a pavio sentados na casa-de-banho, para depois tomar banho e... chorar a dor de traseiro.
O Igas está introspectivo, em cima da cadeira da vovó, que prontamente o retirará do seu local de meditação Zen quando chegar a casa, por motivos de vazio estomacal. Reparem no ar de angústia existencial dele, como se estivesse prestes a descortinar a razão do sofrimento humano e animal e fosse debitá-lo ao mundo. Estou solidária contigo, irmão.
Miau :)

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Esquadrão Adopção


Ontem tive uma noite metaleira: fui a uma festa de lançamento do álbum Nigrium Nigrius Nigro dos In Tha Umbra (http://www.pentagramma.net). Foi um serão bastante interessante, mas que me lembrou que começo a estar velha para estas andanças de alterar horários nocturnos de um dia para outro...
Mas o tema de hoje não é a festa, mas sim algo que foi abordado na mesma, por uma jovem que, espero eu, não tenha mais que 18 anos (o que me permitiria justificar a atitude com um suspiro e um "ainda não tem a maturidade suficiente para pensar mais profundamente," qual sábia anciã). A rapariga estava a comentar um programa que está a dar que falar, o Esquadrão G. Pois bem, a opinião dela era que hoje em dia, estava na moda ser gay. Por outras palavras, ser homossexual era algo que as pessoas escolhiam, como quem escolhe vestir de preto, ter um Rover ou cabelo azul.
Este primeiro comentário fez-me logo disparar de modo negativo a paciência, mas resolvi respirar fundo e concentrar-me na interessantíssima mancha de humidade que havia ali numa parede. A afirmação desta rapariga, por mais absurda que fosse, não foi a única pérola de sabedoria debitada. Minutos depois, estando eu embrenhadíssima na mancha a la Picasso, oiço, para infelicidade minha, mais uma frase inspirada: "Ah, e agora querem adoptar crianças! Por amor de Deus, isso é ridículo! Então imaginem um puto a ir para a escola e dizer que o pai se chama Manuel e a mãe Joaquim..."
Bem, quem me conhece sabe que eu não possuo a virtude da paciência infinita, pelo que não resisti e, contrariando tudo o que tinha prometido a mim mesma, retorqui: "Pois, mas sabes que aqui há uns anos atrás ser mãe solteira era uma aberração e motivo de vergonha, as crianças eram gozadas na escola, e agora isso é algo perfeitamente natural... As mudanças têm que começar de algum lado..."
A rapariga piscou os olhos e, não gostando dos comentários de concordância dos seus amigos, resolveu reformular o seu manifesto e dizer que, se adoptassem, ao menos que fossem as crianças mais velhas.
Confesso que não percebi a explicação para esta nova convicção, mas quando eu estava dividida entre voltar à simpática mancha ou averiguar melhor o que acabara de ser dito, alguém perguntou à nossa oradora principal se ela não achava que era preferível uma criança ser adoptada por um casal "diferente" do que passar a infância toda num orfanato, ao que eu, já decidida a odiar-me por entrar nesta conversa, anuí com a cabeça.
O tema acabou por mudar e eu calei-me. Confesso que achei que não me interessava muito estar num local com música aos berros a ter conversas profundas.
O que me veio à cabeça, horas depois, foi o facto de a rapariga basear a sua discordância em relação a uma criança viver com homossexuais com a crença de que essa criança iria ser infeliz por ser gozada na escola. Ora bem, quem teve infância e andou na escola sabe perfeitamente que os miúdos são cruéis quando querem e arranjam qualquer coisa para gozarem com os outros: ter orelhas grandes, pés tortos, duas mães. Eu pergunto então, para protegermos essas crianças, segundo esta rapariga, não deveríamos, então, cortar as orelhas de um puto, obrigar o outro a andar direito, tirar uma mãe? É ridículo. Simplesmente, não podemos proteger os meninos e meninas das crueldades da vida. E será que queremos? Não é um facto mais que publicado na literatura da Psicologia do Desenvolvimento que as crianças com baixa tolerância à frustração dão adultos mal adaptados, por vezes violentos, muitas vezes revoltados? Vamos ter frustrações na vida e o papel de um pai é preparar um filho para isso, não colocá-lo numa redoma e esperar que esta nunca rebente...
Em vez de esta rapariga dizer que é mau um homossexual adoptar uma criança, que diga antes que devemos começar a educar as pessoas e ensinar-lhes que a diferença não é necessariamente demoníaca nem preversa. Quantas crianças não vivem hoje em Portugal com duas mães e dois pais, que se adaptaram perfeitamente e não são gozadas na escola? Lembro-me pelo menos de uma, que li algures aqui há uns anos: a filha da companheira da cantora Dina, que vive com ambas. Uma excepção? Talvez, mas tem que começar de algum lado...
Vamos preparar as pessoas. Vamos desmitificar crenças erróneas e vamos, sobretudo, sensibilizar todos que, mais do que proteger uma criança de ser gozada na escola, devemos protegê-la de males bem maiores: a ausência de um lar, a falta de carinho de um adulto que a guie e, sobretudo, da falta de tolerância e amor.

domingo, 18 de setembro de 2005

De início, era o Nada...


Os deuses estavam aborrecidos. Viver no Nada começava a enfadá-los, afinal de contas, existir sem terem algo a que se agarrar, flutuar na imensidão de coisa alguma, ou dentro de "uma mão cheia de nada", como alguém viria a dizer tanto tempo depois, era como viver sem... bem, sem Nada!
Assim sendo, resolveram criar Qualquer Coisa. E, claro está, começaram por um chão, que isto de flutuar tem os seus encantos, mas acaba por aborrecer ao fim de uns milénios. Com as ideias assim melhor assentes (desculpem o trocadilho), os deuses resolveram dar largas à sua imaginação e criar Muitas Coisas, mas ainda não tinham decidido o quê. Um dos deuses, o mais empreendedor, criou o Sono, que foi muito aplaudido, e todos aderiram - foi o nascimento da primeira soneca, muito mais tarde largamente adoptada por uma espécie que iria habitar um certo planeta numa certa galáxia de um certo Universo... Mas isso já são outros contos.
Depois do Sono, os deuses pensaram muito. Pensaram, pensaram, pensaram... e pensaram mais um pouco. Depois, tendo inventado o Cansaço, voltaram ao Sono.
Ora bem, depois do Sono e do Cansaço, era necessário inventar mais coisas, para que todos ficassem contentes. Assim, inventou-se o primeiro Concurso de Ideias e todos os deuses foram convidados a aderir. Esta iniciativa foi um sucesso e, para que ninguém protestasse, todas as ideias seriam colocadas dentro de um caldeirão (este, magicamente, apareceu sem ter sido inventado, imagine-se) e misturadas, para que nenhum deus pudesse afirmar-se como melhor que os outros.
Quando finalmente todos já tinham tido muitas ideias, estas foram deitadas para dentro do caldeirão, mexidas e remexidas e, quando se pensou que estava tudo pronto, um dos deuses começou a deitar a mistura mágica para o Nada, para que se transformasse em Qualquer Coisa Interessante.
Mas ai, desgraça!, um dos deuses criara a Gripe sem os outros saberem e contagiara o vizinho que, quando o pó mágico se preparava para dar um ar da sua graça, não conteve um espirro e "At... at... atCHIM!" e puf, contaminou a mistura toda!
E foi assim que, meninos e meninas, nasceu tudo aquilo que conhecemos.